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Kãchi Katukina

Curadoria: Nivaldo Mamê Rodrigues Katukina, Fábio Wisi Rodrigues Katukina, Edilene Coffaci de Lima
Coordenação museográfica: Ana Luisa de Mello Nascimento
Local: MAE – Colégio Jesuíta. Rua XV de Novembro, 575 – Centro Histórico – Paranaguá, PR
Datas: 24 de abril de 2015 a 03 de abril de 2016

Kãchi é como os Katukina, localizados no Acre, nomeiam o jogo de barbante – mais conhecido em português como cama-de-gato – que resulta em formas diversas, boa parte delas com motivos que fazem referência às anatomias animal e vegetal. Joga-se sozinho, entrelaçando os fios entre os dedos das mãos. Pouco a pouco, diversas formas abstratamente se revelam: tae teshe (pé de urubu), rono mapu (cabeça de cobra), kãchi pei (asa de morcego) e tao pei (folha de paxiubão), entre outras.


Para realizá-lo basta dispor de um longo pedaço de barbante amarrado em suas extremidades e movimentá-lo de forma calculada. Revelada a forma, desfaz-se o barbante e reinicia-se o jogo. São normalmente pessoas co-residentes que se entregam à ludicidade em situações de retiro doméstico, quando as pessoas permanecem na intimidade de suas casas. Crianças dedicam-se aos kãchi também em meio a outras brincadeiras. Trata-se de um jogo infantil, mas é também mais do que isso, pois envolve uma sociabilidade específica, entrelaçando não apenas fios, mas também pessoas de diferentes gerações. Em tal emaranhado, jovens e adultos dominam um repertório maior de motivos, e são aqueles que os ensinam às crianças , ajudando-as a desenvolverem a habilidade no jogo. Paradoxalmente, para que possa continuar sendo feito, o kâchi depende de continuar sendo desfeito, repetidas e divertidas vezes.
(Texto de Edilene Coffaci de Lima)

A exposição Kãchi foi desenvolvida a partir de uma curadoria compartilhada entre Edilene Coffaci de Lima, professora do PPGA-UFPR e que pesquisa há anos entre os Katukina, e dois representantes desse povo, Mame e Wisi, que vieram a Curitiba para a ocasião. Os kãchi expostos tinham sido guardados por Edilene durante suas pesquisas de campo nas aldeias katukina e após à exposição, foram doadas ao MAE, fazendo agora parte do acervo.