Corpos & Objetos na Amazônia
Curadoria: Laura Pérez Gil e Miguel Carid Naveira
Coordenação museográfica: Ana Luisa de Mello Nascimento
Local: MAE – Colégio Jesuíta. Rua XV de Novembro, 575 – Centro Histórico – Paranaguá, PR
Data: Inaugurada em 22 de maio de 2015. Ficou em cartaz até 13 de agosto de 2017
Corpos e objetos. No nosso pensamento os dois termos que compõem o título da exposição parecem estar contrapostos. Os corpos remetem à vida, ao movimento, ao desenvolvimento orgânico; os objetos, entretanto, os entendemos como coisas inanimadas e inativas. Porém, há certas situações em que essa distinção não é tão nítida, mesmo para nós. Certos objetos, por exemplo, carregam memórias de vida e as pessoas os sentem como parte de si; imagens religiosas não apenas são adoradas como manifestações de um ser divino, mas às vezes são também capazes de fazer milagres. Os filmes de ficção científica refletem também nosso desassossego frente à possibilidade de as coisas terem algum tipo de intencionalidade: objetos tais como computadores ou robôs podem chegar a ter consciência, inteligência e sentimentos?
Para muitos povos indígenas das Terras Baixas da América do Sul a resposta é clara: a inteligência, a consciência e a capacidade de ação são também atributos de coisas inanimadas às quais nós não atribuímos vida. Isso coloca algumas questões para quem, como os curadores do MAE, pesquisamos e trabalhamos com objetos ideados, fabricados e usados por diferentes povos indígenas: será, então, que o nosso conceito de objeto traduz adequadamente o que essas coisas são para as pessoas que as fabricaram e as usaram antes de vir fazer parte do nosso acervo? E consequentemente: será que uma noção biológica do corpo dá conta das teorias ameríndias sobre a corporalidade?
Culturas diferentes têm entendimentos diferentes sobre o que são, o que fazem e como funcionam os corpos; e o mesmo se aplica aos objetos. Sabemos através das pesquisas etnológicas que corpos e objetos mantêm uma estreita relação no pensamento ameríndio.
Essa exposição se ocupa das diferentes dimensões dessa relação. O percurso está organizado em torno de quatro eixos. O primeiro se refere aos objetos que transformam os corpos e que fazem com que as pessoas adquiram qualidades necessárias para o bom desenvolvimento da vida social. Cocares, adornos nas orelhas ou no lábio inferior, por exemplo, não são apenas enfeites, mas elementos que potencializam as capacidades dos corpos humanos, de uma forma parecida aos óculos que nos permitem enxergar melhor. O segundo eixo fala dos objetos que são, ou foram em tempos míticos, corpos, ou seja, que têm a capacidade e a intenção de agir. O terceiro eixo diz respeito a objetos que, segundo alguns grupos indígenas, estão no interior dos seus corpos, como se fossem órgãos, e que são a sede, por exemplo, da memória ou do conhecimento. Para finalizar, falamos das máscaras, que não são objetos que escondem senão objetos que mostram: se tornam, temporariamente, corpos daqueles seres que as pessoas normais não podem ver, e que nós costumamos chamar de espíritos. (Texto de Laura Pérez Gil).
Veja o Catálogo da Exposição Corpos & Objetos.
Conheça o folder de ações educativas Corpos & Objetos: Aprender e Brincar no Museu.
Conheça a Caixa Didática Corpos & Objetos.