DINÂMICAS SOCIAIS
A intencionalidade na construção de sambaquis já é algo consensual entre os pesquisadores da área. Esses sítios não são meros acúmulos de restos alimentares, mas verdadeiras construções. As conchas aparecem tanto como materiais construtivos, para dar estabilidade e volume ao sambaqui, quanto como vestígios ligados a práticas simbólicas. Na maioria das vezes, essas duas utilidades das conchas convivem, de maneira conjunta e inseparável.
As variações das formas e tamanhos dos sambaquis são reflexos de aspectos sociopolíticos, tempo de ocupação e densidade demográfica, o que demonstra uma complexidade, em termos de organização social, dos povos sambaquieiros. Podemos observar, principalmente nos sambaquis de maiores proporções, um processo contínuo de sedentarização e adensamento demográfico. Suspeita-se que poderiam apresentar organizações sociopolíticas semelhantes aos grupos agrícolas atuais, organizados em chefaturas e cacicados, envolvendo questões de desigualdade social, hierarquias e lideranças formalmente estabelecidas.
Nos sambaquis também podem ser encontrados sepultamentos associados a itens que indicam aspectos da existência de status sociais diferenciados – como na presença de diferentes acompanhamentos funerários associados a cada indivíduo. Autores defendem que as sociedades sambaquieiras possuíam aspectos sociais bastante elaborados, e vestígios ósseos demonstram até marcadores de estresse fisiológico em alguns indivíduos, o que demonstra que havia, provavelmente, diferenciações nas atividades realizadas pelas pessoas.